Page 9 - Quando crescer quero ser hipopótamo
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texto, demonstrando capacidade de compreensão global de inferir informações implícitas
nos textos lidos, além de recuperar as relações entre as partes do texto a partir do reco-
nhecimento dos diversos gêneros estudados. Nesse sentido, o professor deve envolver os
alunos em
[...] práticas de leitura literária que possibilitem o desenvolvi-
mento do senso estético para fruição, valorizando a literatura e outras
manifestações artístico-culturais como formas de acesso às dimen-
sões lúdicas, de imaginário e encantamento, reconhecendo o po-
tencial transformador e humanizador da experiência com a literatura.
(BRASIL, 2017, p. 87)
Os livros de literatura infantil são bastante lúdicos, apresentando narrativas atrativas
com imagens e ilustrações que despertam a atenção das crianças. Para isso, destacam-se
duas atividades que tornam o trabalho mais efetivo: a leitura em voz alta e o diálogo entre
professor e alunos a respeito do texto. Para a primeira, podem-se criar rodas de leitura
e leitura compartilhada. Vale ressaltar que, pelo fato de essa narrativa ser um pouco ex-
tensa, é possível estabelecer momentos de leitura em sala de aula aliados às leituras em
casa, destacando passagens para serem discutidas na escola. Por outro lado, o professor
deve também ser um mediador entre a literatura e a criança e, assim, criar um espaço para
debate a respeito do livro lido, sempre instigando os alunos a expressar a sua opinião a
respeito da história e dos personagens. A construção de sentido deve ser feita a partir dos
leitores, e não como um conhecimento apresentado pelo docente para que eles apenas
o “decorem”.
Conversar com os alunos não é apresentar uma série de explicações a respeito da nar-
rativa; pelo contrário, é, antes de tudo, deixar que eles deem a sua interpretação, discutam
e complementem as hipóteses dos colegas – em suma, é dar oportunidade para que as
próprias crianças encontrem o sentido do texto. Você, então, deve fazer os questionamen-
tos que as ajudem a percorrer esse caminho. Dessa forma, a mediação do professor implica
levar temas relevantes ao alcance das crianças, liberar a criatividade para a interpretação e
usar estratégias para deixar brotar a sensibilidade dos pequenos leitores. Mas, como nos
lembra Faria (2004), o professor também precisa conhecer o texto a ser lido e as instâncias
do discurso literário, como personagens, narrador, espaço-tempo, gênero e características
de estilo e de linguagem apresentados em cada texto. Com essa percepção, poderá per-
ceber as sutilezas e as muitas maneiras de se ler um texto, incluindo captar o que atende
às expectativas dos pequenos leitores. Assim, é importante destacar que,
Para que o trabalho de mediação do professor, entre a literatu-
ra e as crianças, seja eficaz, será necessário que ele leia com atenção
as obras como um leitor comum, deixando-se levar espontaneamente
pelo texto, sem a priori pensar em sua utilização na sala de aula. So-
mente após ter lido a obra e sentido o que ela pode oferecer é que
o professor poderá planejar sua atuação no momento da atividade
de leitura. Se ele próprio não se entusiasmar com a obra, deve ir em
busca de outra. Uma obra que não emocione deve ser descartada.
(FARIA, 2004, p. 14)
Nessa perspectiva, que livro melhor para se ler em sala de aula do que uma novela
que, direcionada para o público infantil, permite que você, professor, também reflita sobre
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