Page 6 - Quando crescer quero ser hipopótamo
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[...] provoca a ação de pensar e sentir criticamente as coisas da
                                       vida e da morte, os afetos e suas dificuldades, os medos, sa-
                                       bores e dissabores; [...] permite conhecer questões relativas ao
                                       mundo social e às tantas e tão diversas lutas por justiça (ou o
                                       combate à injustiça).

     Nesse sentido, a narrativa de Quando crescer quero ser hipopótamo pode ser
um valiosíssimo instrumento para se trabalhar em sala de aula, pois apresenta uma
situação complicada que um jovem – mais ou menos da faixa etária dos alunos para
os quais o livro está indicado – está vivenciando, permitindo, assim, uma identificação
imediata entre leitores e personagem e facilitando o engajamento dos alunos com a
leitura. A própria experiência de Paulinho na escola é também comum a muitos dos
alunos, como as amizades, as brigas etc. Nós, professores, muitas vezes esquecemos
as dificuldades pelas quais os alunos passam em sua vida em família e a influência
que essas dificuldades têm sobre sua atitude na escola. Assim, a leitura de um livro
dessa qualidade, que trabalha tantos temas caros à vida dos alunos, pode auxiliar na
forma como eles reagem diante de seus próprios questionamentos.

     É importante termos em mente que, para os alunos dessa faixa etária, são ne-
cessárias algumas atitudes do professor para que as atividades funcionem de modo
satisfatório. Nesse sentido, para que a fruição da leitura ocorra de forma proveitosa
e completa pelos alunos, é fundamental que você, como leitor mais experiente, seja
um mediador entre o livro e a criança – por isso, deve criar um engajamento dos alu-
nos na leitura. Você, que conhece a realidade social e econômica da turma e tem a vi-
vência diária com as crianças, reconhecendo seus gostos particulares, sabe que nem
todas têm ou tiveram acesso a livros em sua primeira formação. Conversar, um ato
fundamental para a vida de qualquer pessoa, é também importante quando estamos
na fase inicial de nossa formação leitora, pois, como observa Kleiman (1993, p. 24):

                                                É durante a interação que o leitor mais inexperiente com-
                                       preende o texto: não é durante a leitura silenciosa, nem durante
                                       a leitura em voz alta, mas durante a conversa sobre aspectos re-
                                       levantes do texto. Muitos aspectos que o aluno sequer percebeu
                                       ficam salientes nessa conversa, muitos pontos que ficaram obs-
                                       curos são iluminados na construção conjunta da compreensão.

     Logo, para o trabalho atingir bons resultados com um texto como Quando crescer que-
ro ser hipopótamo, é importante deixar que as crianças comentem suas impressões, ex-
pressem abertamente a sua opinião a respeito da história e dos personagens e, dentro do
possível, conectem a sua própria experiência com a do jovem Paulinho. Assim, planejamos
este material de forma a articular as diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
e da Política Nacional de Alfabetização (PNA) com o trabalho com o livro Quando crescer
quero ser hipopótamo a fim de tornar a leitura em sala de aula mais proveitosa e divertida

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