Sou escritor e ilustrador. antes, eu era arquiteto, mas um dia percebi que eu vivia inventando histórias, então, resolvi contar histórias no papel, com palavras e ilustrações. essa aconteceu mesmo… acho…
Quando eu era estudante, uma fita adesiva era uma coisa preciosa! a gente comprava um rolinho que tinha que durar pelo menos dois anos! acontece que a minha professora exigia que a gente encapasse os cadernos com plástico e… fita adesiva.
Isso gastava muita fita! mas a professora dava ponto positivo. deixei para encapar os cadernos na última noite antes da entrega para a professora. Acontece também que a minha fita adesiva já estava fazendo aniversário de três anos! resultado: acabou antes da última capa.
Normalmente, o ponto positivo não ia fazer falta: eu e uma garota meio esnobe, que não falava com ninguém, tínhamos as melhores notas da classe. mas naquele mês eu não tinha ido bem em uma prova. desisti de competir com a garota naquele bimestre – só pensava que eu precisava daquele ponto positivo. enquanto a professora olhava minuciosamente os cadernos dos colegas, resolvi olhar para a capa desgrudada. quem sabe ela não teria se colado sozinha de noite? Que nada! o plástico continuava levantado. Olhei para os cadernos perfeitos da garota esnobe, que se sentava do meu lado.
Ela também olhava para mim! então, o inesperado: a garota abriu o caderno dela, arrancou com todo o cuidado uma fita adesiva dele e me entregou. Devo ter ficado com cara de dinossauro enquanto ela ajeitava outra fita do seu caderno para substituir a que faltava.
Acordei com um susto e consertei o meu a tempo com a fita emprestada. depois daquele dia, ficamos amigos e descobri que ela não falava com ninguém só porque era muito tímida. eu não sei se a amizade entre um dinossauro e uma menininha de vestidinho rosa seria possível, mas uma fita adesiva tem um poder de união muito maior do que se imagina!